segunda-feira, agosto 27, 2007

Aconteceu! E foi no Rio...

Sábado. Agosto. Santa Tereza. Rio.
Já é sabido que esse cantinho do Rio é um achado. Eu só não tinha achado ainda que, naquele dia, teríamos nossa esperança no ser humano aumentada.
O bloco passava pelas ruas do bairro e a diversidade ia atrás; gente da zona Sul, da Zona Norte, gringos e amigos da Elis; poucos instrumentos, pouca melodia mas o suficiente para estimular fotografias.
O bloco passa e entramos no Bar do Mineiro. Um feijão amigo aqui, uma cerveja ali, papo vai , papo vem; se discute carreira profissional, 3 ações para a sustentabilidade do país e algumas coisas mais. Em um dado momento, porém, nossas atenções são requisitadas por duas crianças. Pés nus, roupas surradas mas um sorriso aconchegante no rosto. Uma vende bala. A outra, amendoim. Opta-se pela bala. Com uma nota de R$2,00 é possível comprar duas drops.
A criança pede que compre apenas uma; e que, com o troco, compre um amendoim. Após relutarmos, ela vence (sorrisos de crianças tem um poder!!! Quero aprender a rir como elas!!!) e nossa atenção se volta para a outra criança.
Como ninguém queria a "iguaria", apenas foi lhe dado o dinheiro. Porém, a esperta criança das balas interviu!
- Não! Você não pegou o amendoim!
- Sim, peguei!
- Não pegou não! Devolve o dinheiro irmã!
Não precisava... era pelo bate papo, pela descontração, pelo olhar... valiam mais que R$1,00. Mas não tinha quem fizesse o menino mudar de opinião. Vencidos por sua determinação, saímos do estabelecimento com a bala e o amendoim.
Na verdade, mais que isso. Saímos com a sensação de que cada criança que nasce, trás o recadinho subliminar de que Deus ainda acredita na gente. E que valores , raízes e asas , esses sim, são distribuídos democraticamente.
Aconteceu ! E foi aqui no Rio ...

quinta-feira, agosto 16, 2007

Mexendo....testando...tentando...

Resolvi brincar com meu blog.
Fazer novas tentativas de formatação, novos textos, novos recursos...
... mas antigas propostas.
É... ainda não proponho assiduidade e regularidade. Até mesmo mais profundidade é difícil de prometer ! Só prometo continuar aprendendo...mexendo...tentando...testando...
... ainda menos que no mundo real...

terça-feira, agosto 14, 2007

Das Utopias

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!

Mario Quintana

domingo, agosto 12, 2007

Questionando Vinícius de Moraes ? Quanta pretensão !

"(...) fundamental é mesmo o Amor, é impossível ser feliz sozinho (...)"

Estaria Vinícius com razão ? Acredito que em partes.
Não tenho a intensão de fazer um discurso feminista ou "solteirista" até porque é bom ( e não é pouco não!) ter alguém para andar de mãos dadas, ficar entrelaçando os pés debaixo do cobertor, pedir e dar opinião, fazer e receber cafuné e dar aqueles beijos onde todo o resto fica irrelevante.
Só acho que, se esse é um estado de real vontade da pessoa, uma escolha do momento ( e não uma falta desta), acho possível sim.
Acredito, pra não dizer que vejo, que há muita gente por aí com namorado (a), ficante, noivo (a), esposo (a) que está tão ou mais sozinha que os sozinhos por escolha. Já passaram da excitação inicial. " Todos os dias são iguais e todos os abraços são banais ".
E algo me diz que isso é estar um pouquinho distante da felicidade. Ainda que felicidade seja um conceito tão particular.


sexta-feira, agosto 03, 2007

Lembranças mal lembradas

Depois de ler A Alma Imoral, resolvi ler crônicas . Escolhi Martha Medeiros por já ter lido algumas coisas dela no jornal o Globo e porque encontrei na prateleira de minha irmã! rs...
Questionada se eu estava gostando, respondi que alguns textos pareciam escritos por mim, outros para mim e ainda existiam os que poderiam ter sido escritos por qq um, menos eu ! Esses últimos não serão mais comentados, mas os outros dois tipos... :P
Esse aqui me fez pensar bastante. Acho que , de fato, damos uma dimensão tão distorcida e maximizada das coisas que qdo fazemos o simples exercício de tentar achar a essência dos fatos, não achamos. Simplesmente porque eram pequenos demais...

"A maioria dos nossos tormentos não vem de fora, está alojada na nossa mente, cravada na nossa memória. Nossa sanidade (ou insanidade) se deve basicamente à maneira como nossas lembranças são assimiladas. "As pessoas procuram tratamento psicanalítico porque o modo como estão lembrando não as libera para esquecer". Frase do psicanalista Adam Phillips, publicada no livro "O flerte". Como é que não pensamos nisso antes? O que nos impede de ir em frente é uma lembrança mal lembrada que nos acorrenta no passado, estanca o tempo, não permite avanço. A gente implora a Deus para que nos ajude a esquecer um amor, uma experiência ruim, uma frase que nos feriu, quando na verdade não é esquecer que precisamos: é lembrar corretamente. Aí, sim: lembrando como se deve, a ânsia por esquecimento poderá até ser dispensada, não precisaremos esquecer de mais nada. E, não precisando, vai ver até esqueceremos. Ah, se tudo fosse assim tão simples. De qualquer maneira, já é um alento entender as razões que nos deixam tão obcecados, tristes, inquietos. São as tais lembranças mal lembradas. Você fez 5 anos, sonhava ganhar a primeira bicicleta, seu pai foi viajar e esqueceu. Uma amiga íntima, que conhecia todos os seus segredos, roubou seu namorado. Sua mãe é fria, distante, e percebe-se que ela prefere disparadamente sua irmã mais nova. E aquele amor? Quanta mágoa, quanta decepção, quanto tempo investido à toa, e você não esquece - passaram-se anos e você, droga, não esquece. Essas situações viram lembranças, e essas lembranças vão se infiltrando e ganhando forma, força e tamanho, e daqui a pouco nem sabemos mais se elas seguem condizentes com o fato ocorrido ou se evoluíram para algo completamente alheio à realidade. Nossa percepção nunca é 100% confiável. O menino de 5 anos superdimensionou uma ausência que foi emergencial, não proposital. Você nem gostava tanto assim daquele namorado que sua amiga surrupiou (aliás, eles estão casados até hoje, não foi um capricho dela). Sua mãe tratava as filhas de modo diferenciado porque cada filho é de um modo, cada um exige uma demanda de carinho e atenção diferente, o dia que você tiver filhos vai entender que isso não é desamor. E aquele cara perturba seu sono até hoje porque você segue idealizando o sujeito, recusa-se a acreditar que o amor vem e passa. Tudo parecia tão perfeito, ele era o tal príncipe do cavalo branco sem tirar nem pôr. Ajuste o foco: o coitado foi apenas o ser humano que cruzou sua vida quando você estava num momento de carência extrema. Libere-o desta fatura. São exemplos simplistas e inventados, não sou do ramo. Mas Adam Philips é, e me parece que ele tem razão. Nossas lembranças do passado precisam de eixo, correção de rota, dimensão exata, avaliação fria - pena que nada disso seja fácil. Costumamos lembrar com fúria, saudade, vergonha, lembramos com gosto pelo épico e pelo exagero. Sorte de quem lembra direito. " Martha Medeiros