quinta-feira, outubro 30, 2008

Os Saltimbancos - um impulso Nostágico !

Hoje eu sai do trabalho e resolvi , mais uma vez, passar no cebinho que fica na transversal de minha rua. Gosto de despendiar alguns minutos por lá; às vezes horas. O dono é um professor de português , redação e literatura que aposta na leitura como uma grande força de se educar.
Não acredito que o espaço dê mto lucro financeiro ... mas o que é este diante do brilho de um olhar ? Fico imaginando sua satisfação pessoal de ver uma criança curiosa dedilhando os livrinhos coloridos ou um adulto procurando um clássico ... ou o novo.

DVD pra alugar ? Tem sim senhor ; R$1,00. Revistas antigas ? Tem sim senhor; R$ 2,00. Discos de Vinil ? Tem sim senhor; R$3,00.
Meu tocador de vinil não funciona mais. O que é um pena. Quero comprar um e já fiquei sabendo que existe em versão high tech : um vinil com entrada USB !!! Não...mas ainda não me renderei à new generation e encontrarei um tradicional. ( se alguém quiser se desfazer do seu...)

Bom...mas , enquanto não acho, minha coleção de Bossa, Trem da Alegria e Ed Motta fica em um canto.
Porém, o que eu já não esperava aconteceu ! Aumentei a coleção de um ítem démodé o qual eu não posso usufruir! Tem noção ? Tem sim senhor ! RS3,00. Um clássico.

Senhoras e senhores, apresento-vos minha mais nova aquisição :

Miucha ( a galinha ), Nara Leão ( a gata) ,Ruy ( o cão) , Magro ( o jumento) e crianças no naipe de Bebel ...


... SaLtImBaNcOs !!!!



Só falta arranjar um jeito de colocar pra tocar ! rsrsrsrs

segunda-feira, outubro 27, 2008

Peço desculpas

Por Frei Betto - Adital - de São Paulo

Estou gravemente enfermo. Gostaria de manifestar publicamente minhas escusas a
todos que confiaram cegamente em mim. Acreditaram em meu suposto poder de
multiplicar fortunas. Depositaram em minhas mãos o fruto de anos de trabalho, de
economias familiares, o capital de seus empreendimentos. Peço desculpas a quem
assiste às suas economias evaporarem pelas chaminés virtuais das Bolsas de
Valores, bem como àqueles que se encontram asfixiados pela inadimplência, os
juros altos, a escassez de crédito, a proximidade da recessão.
Sei que nas últimas décadas extrapolei meus próprios limites. Arvorei-me em rei Midas, criei em torno de mim uma legião de devotos, como se eu tivesse poderes divinos. Meus apóstolos - os economistas neoliberais - saíram pelo mundo a apregoar que a saúde financeira dos países estaria tanto melhor quanto mais eles se ajoelhassem a meus pés.
Fiz governos e opinião pública acreditarem que o meu êxito seria proporcional à minha liberdade. Desatei-me das amarras da produção e do Estado, das leis e da moralidade. Reduzi todos os valores ao cassino global das Bolsas, transformei o crédito em produto de consumo, convenci parcela significativa da humanidade de que eu seria capaz de operar o milagre de fazer brotar dinheiro do próprio dinheiro, sem o lastro de bens e serviços.
Abracei a fé de que, frente às turbulências, eu seria capaz de me auto-regular, como ocorria à natureza antes de ter seu equilíbrio afetado pela ação predatória da chamada civilização. Tornei-me onipotente, supus-me onisciente, impus-me ao planeta como onipresente. Globalizei-me.
Passei a jamais fechar os olhos. Se a Bolsa de Tóquio silenciava à noite, lá estava eu eufórico na de São Paulo; se a de Nova York encerrava em baixa, eu me recompensava com a alta de Londres. Meu pregão em Wall Street fez de sua abertura uma liturgia televisionada para todo o orbe terrestre. Transformei-me na cornucópia de cuja boca muitos acreditavam que haveria sempre de jorrar riqueza fácil, imediata, abundante.
Peço desculpas por ter enganado a tantos em tão pouco tempo; em especial aos economistas que muito se esforçaram para tentar imunizar-me das influências do Estado. Sei que, agora, suas teorias derretem como suas ações, e o estado de depressão em que vivem se compara ao dos bancos e das grandes empresas.
Peço desculpas por induzir multidões a acolher, como santificadas, as palavras de meu sumo pontífice Alan Greenspan, que ocupou a sé financeira durante dezenove anos.
Admito ter ele incorrido no pecado mortal de manter os juros baixos, inferiores
ao índice da inflação, por longo período. Assim, estimulou milhões de
usamericanos à busca de realizarem o sonho da casa própria. Obtiveram créditos,
compraram imóveis e, devido ao aumento da demanda, elevei os preços e pressionei
a inflação. Para contê-la, o governo subiu os juros... e a inadimplência se
multiplicou como uma peste, minando a suposta solidez do sistema
bancário.
Sofri um colapso. Os paradigmas que me sustentavam foram engolidos
pela imprevisibilidade do buraco negro da falta de crédito. A fonte secou. Com
as sandálias da humildade nos pés, rogo ao Estado que me proteja de uma morte
vergonhosa. Não posso suportar a idéia de que eu, e não uma revolução de esquerda, sou o único responsável pela progressiva estatização do sistema financeiro. Não posso imaginar-me tutelado pelos governos, como nos países socialistas. Logo agora que os Bancos Centrais, uma instituição pública, ganhavam autonomia em relação aos governos que os criaram e tomavam assento na ceia de meus cardeais, o que vejo? Desmorona toda a cantilena de que fora de mim não há salvação.
Peço desculpas antecipadas pela quebradeira que se desencadeará neste mundo globalizado. Adeus ao crédito consignado! Os juros subirão na proporção da insegurança generalizada. Fechadas as torneiras do crédito, o consumidor se armará de cautelas e as empresas padecerão a sede de capital; obrigadas a reduzir a produção, farão o mesmo com o número de trabalhadores. Países exportadores, como o Brasil, verão menos clientes do outro lado do balcão; portanto, trarão menos dinheiro para dentro de seu caixa e precisarão repensar suas políticas econômicas.
Peço desculpas aos contribuintes dos países ricos que vêem seus impostos servirem de bóia de salvamento de bancos e financeiras, fortuna que deveria ser aplicada em direitos sociais, preservação ambiental e cultura.
Eu, o mercado, peço desculpas por haver cometido tantos pecados e, agora, transferir a vocês o ônus da penitência.
Sei que sou cínico, perverso, ganancioso. Só me resta suplicar para que o Estado
tenha piedade de mim.
Não ouso pedir perdão a Deus, cujo lugar almejei ocupar. Suponho que, a esta hora, Ele me olha lá de cima com aquele mesmo
sorriso irônico com que presenciou a derrocada da torre de Babel.


Frei Betto é Escritor e assessor de movimentos sociais, autor de Cartas da Prisão (Agir), entre outros livros.

segunda-feira, outubro 20, 2008

Notícias bizarras - parte II

Metendo o "nariz" onde não é chamado...
...pra finalizar essa sessão! Acho que vou parar por aqui !!!!
(...)
Que situação constrangedora... Um morador de Hong Kong precisou chamar os bombeiros para se livrar de uma encrenca bizarra.

O cidadão, de 41 anos, estava solitário enquanto passeava pelo parque Lan Tian, na madrugada de quarta para quinta-feira (7). Foi quando ele teve a idéia de fazer sexo com um banco de metal instalado no parque. Ele colocou seu membro em um dos buracos do banco e... acabou entalado.

Em pânico, ele chamou a polícia, que acionou o corpo de bombeiros . Para retirá-lo, os paramédicos recomendaram que o banco fosse retirado do local.

A vítima precisou ser levada para o hospital ainda com o banco preso ao pênis.

quinta-feira, outubro 16, 2008

Notícias bizarras - parte I

Justiça dos EUA arquiva processo contra Deus por não saber endereço de réu.

A Justiça de Nebraska, nos Estados Unidos, decidiu arquivar nesta quarta-feira o processo que um senador movia contra Deus. O juiz Marlon Polk, da corte distrital do condado de Douglas, disse que como o senador Ernie Chambers não informou no processo o endereço do réu, a Justiça não teria como notificar Deus.
No processo, Chambers acusa Deus de gerar medo e de ser responsável por milhões de mortes e destruições pelo mundo. Segundo ele, Deus gerou “inundações, furacões horríveis e terríveis tornados”.
Chambers comentou que Deus fez ameaças terroristas contra ele e seus eleitores. Conforme o senador, ele abriu o processo em Douglas porque Deus está em todos as partes. "Como a corte não tem condições de notificar Deus, é preciso arquivar o processo", afirmou o juiz Marlon Polk em sua decisão.
Apesar de significar inicialmente uma "derrota", o senador encarou positivamente a decisão. "A corte reconheceu, desta forma, a existência de Deus", afirmou. "Desta forma, uma das conseqüências de reconhecer Deus é admitir sua onisciência. E, se Deus sabe tudo, Deus foi automaticamente notificado deste processo", completou.
Chambers tem agora 30 dias para decidir se vai ou não recorrer do arquivamento do processo.

terça-feira, outubro 14, 2008

Todas as crianças

Por Frei Betto - Adital - de São Paulo

Todas as crianças gostam de falar com Deus, mas nem todas aprendem que Deus ama, sem distinção, muçulmanos, judeus, cristãos, adeptos do candomblé, doSanto Daime, e até mesmo quem não crê.
Todas as crianças necessitam brincar, mas nem todos os pais têm condições de evitar que enveredem pela senda do trabalho precoce, do ponto de esmola na esquina, da exploração sexual, das sendas do crime.
Todas as crianças adoram perder tempo com seus amigos e amigas, mas algumas tornam-se adultas antes do tempo, devido à agenda sobrecarregada imposta pela família, com aulas de balé e natação, de idiomas e de música, sem nunca terem se sujado no barro. Ou, empobrecidas, são obrigadas a lutar desde cedo pela sobrevivência.
Todas as crianças são dotadas de incomensurável fantasia, mas muitas não têm sonhos próprios, porque delegaram à TV o direito de imaginar por elas. Assim, crescem saturadas de (des)informações que não processam, vulneráveis em seu código de valores e confusas quanto aos princípios éticos a serem abraçados.
Todas as crianças são generosas, mas nem sempre há quem lhes ensine partilhar o que acumulam nos armários, na lancheira e no coração.
Todas as crianças precisam de muito amor, mas nem todas conhecem quem preste atenção no que falam e fazem, passeie com elas nos fins de semana, evite barganhar o carinho sonegado por presentes e promessas.
Todas as crianças gostam de doces, mas nem todas são educadas para apreciar frutas e verduras, evitando desde cedo preencher com a boca o que lhes falta no coração.
Todas as crianças adoram ouvir histórias, mas nem todas conhecem quem se disponha a contar-lhes o mundo da carochinha ou a ler para elas os textos sagrados.
Todas as crianças imitam adultos que admiram, mas nem todas aprendem aconhecer Jesus e Francisco de Assis, Gandhi e Che Guevara, e crescem empolgadas com o exterminador do passado, do presente e do futuro.
Todas as crianças são sedentas de alegria, mas como esperar que sorriam se os adultos discutem na frente delas ou expressam seu racismo, seu ódio e sua ganância por dinheiro e bens?
Todas as crianças ignoram a morte como ameaça real, e nenhuma delas se propõe a matar o semelhante, a fabricar ou comercializar armas, a bombardear populações civis. Se uma criança rouba, droga-se ou mata é porque o mundo dos adultos condenou-a a ser o reverso de si mesma.
Todas as crianças adoram sonhar, mas se não encontram pelo caminho quem infle os seus sonhos, como um balão que voa rumo à utopia, correm o risco de buscar na química das drogas o que lhes falta em auto-estima.
Todas as crianças são convencidas de que, entregue nas mãos delas, o mundo seria bem melhor, pois nenhuma delas suporta ver o semelhante com fome, na miséria ou vítima de guerras.
Todos nós deveríamos cultivar para sempre a criança que um dia fomos.

Frei Betto é frei dominicano e escritor, autor da obra infanto-juvenil A menina e o elefante (Mercuryo Jovem), entre outros livros.

sábado, outubro 11, 2008

Fecharam o Mc Donalds na Venezuela !

Até ontem, pra quem estava na casa de los hermanos, no big mac! Fat chance !!
Alegação ? Falhas tributárias...
Será ? Fala aí Ronald !!!

quarta-feira, outubro 08, 2008

Minha teoria sobre o Fidel

Confesso que as histórias de Cuba me intrigam um pouco. Começando pelo fato de eu não saber se o que leio está manipulado pela supremacia capitalista ou ideologia comunista passando pela loucura de se ter uma moeda para cubano, outra para turista e o dólar e chegando ao fato de um país conseguir sobreviver com tantas particularidades impostas por suas escolhas e ter um líder que exerce absurda influência em toda uma nação...
Ano que vem completarão 50 anos de Revolução Cubana. Já disse várias vezes que tenho uma teoria de que o Fidel só está esperando isso pra morrer. Ele quer estar vivo nas bodas de ouro do seu juramento de fidelidade, na saúde e doença; na riqueza e na pobreza ; com sua amada causa. Isso me instiga a visitar o país em breve porque depois que isso acontecer, acho que seria conhecer uma outra Cuba . E a atual é única. Seria como ir a Nova Orleans depois do furacão Katrina e achar que será uma viagem embalada pelos Jazz e Blues de antigamente e não pela dor e destruição que , de fato, é o que hoje impera no sítio.(...)
Os carros da década de 50 e 60 andando pelas ruas de Havana devem ser surreais! E a censura e embargos ao estrangeirismo? Tudo muito diferente...
Mas voltando ao tema do título, nesses tempos de bancos americanos quebrando, bolsas tendo quedas recordes, o crédito bancário indo com seus juros nas estrelas e a população baixando seu consumo descaracterizando o american way of life Fidel “corre o risco” de ter um baita presente nesse cinqüentenário de revolução. O enfraquecimento do tio Sam.
Aí ele morreria em estado de Nirvana! Com a sensação de que sua jornada não foi em vão. E irá em paz.
( a guerra fica pra nós travarmos... dia a dia...)

quarta-feira, outubro 01, 2008

Ateus batem na porta das religiões

Por Leonardo Boff - Rio de Janeiro

Se há alguém que nos pode relatar com seriedade o estado da vida na Terra, especialmente na perspectiva do aquecimento global, esse é Edward O.Wilson (*1929), um dos maiores biólogos vivos, introdutor da palavra biodiversidade. Seu livro A criação - Como salvar a vida na Terra (Companhiadas Letras, 2008) representa um apelo preocupado, diria até desesperado, para que façamos esforços ingentes e coletivos para sairmos da crise que nós próprios criamos. A Terra, em sua longa história, conheceu 5 grandes dizimações. A última no final da Era Mesozóica (dos répteis), há 65 milhõesde anos, na qual todos os dinossauros desapareceram. Deu lugar à Era Cenozóica (a nossa, dos mamíferos). Entre uma dizimação e outra, a Terra precisou de dez milhões de anos para se auto-regenerar.
Segundo Wilson, nos últimos séculos, os seres humanos, no seu afã de construir bem estar e de se enriquecer, exploraram de forma tão persistente e sistemática o planeta Terra, que começou, como conseqüência, a sexta extinção em massa. Abstraindo dos meteoros rasantes que devastaram o planeta mais ou menos a cada cem milhões de anos, a Terra nunca conheceu um ataque tão poderoso como o que está ocorrendo atualmente. Diz-nos Wilson:"no momento, a taxa global de extinção das espécies supera o nascimento de novas espécies numa proporção de pelo menos cem por um e logo vai aumentar para dez vezes mais do que isso"(p.98).
O causador desta devastação é o ser humano que se transformou numa verdadeira força geofísica destruidora: alterou a atmosfera e o clima daTerra, difundiu milhares de substâncias químicas tóxicas pelo mundo inteiro, represou quase todos os rios, transformou quase todas as terras emaráveis estando hoje vastamente desertificadas e nos encontramos perto de esgotar a água potável.
Sabemos que é a biodiversidade, especialmente, dos microorganismos,bactérias, fungos, pequenos invertebrados e insetos que garante as condições para que nossa vida humana possa continuar. Nós dependemos totalmente deles. A continuar nossa prática biocida, a partir dos meados deste século, começará a dizimação de nossa própria espécie. Ela não estará na lista das condenadas à extinção? Desta vez não dá para esperar dez milhões de anos para a Terra recuperar seu equilíbrio perdido. Nós temos que ajudá-la, do contrário, Gaia nos expulsará como um corpo letal.

É neste contexto que Wilson propõe Uma Aliança pela Vida. Convoca as duas forças que para ele são as mais poderosas do mundo: a ciência e a religião. Seu livro é na verdade uma carta aberta a um pastor evangélico, convidando-o a somar forças, a desmontar preconceitos, a construir valores que possam salvar a vida. Wilson se confessa um não crente, digamos um ateu, mas que fala sempre com reverência de Deus. Vai bater na porta da Igreja para pedir socorro. Diante de um perigo global, anulam-se as diferenças. Desta vez crente e não crente terão o mesmo destino. Mas ambos podem trabalhar juntos porque"os que hoje vivem na Terra têm de vencer a corrida contra a extinção das espécies, ou então serão derrotados para sempre; eles conquistarão honrarias eternas ou o desprezo eterno"(p.115)
Ciência e religião devem mudar. A ciência até hoje não respeitou a alteridade dos seres. Colocou-se acima, dominando-os. A religião não se livrou ainda de seu fundamentalismo na leitura dos textos sagrados.Mantendo sua fé, pode reconhecer a evolução das espécies. Ela contribui com a reverência diante da grandeza do universo e com respeito diante de todas as formas de vida. Essa atitude converte o poder em proteção e cuidado.Essa aliança sagrada poderá salvar a vida ameaçada.

*Leonardo Boff é teólogo e professor