domingo, abril 16, 2006

Frase do Domingo....


"Quando penso que decorei todas as respostas, vem o destino e muda todas as perguntas..."

sábado, abril 08, 2006

Ainda na promessa do 2º texto sobre Vr, resolvi transcrever esse....
... de Martha Medeiros.


VELHOS AMIGOS, NOVOS AMIGOS

Quem é seu melhor amigo(a)? Deixe ver se adivinho: estuda na mesma escola ou cursinho, tem a mesma idade (talvez um ano a mais ou a menos), freqüenta o mesmo clube ou a mesma praia.
Se errei, foi por pouco. Não é vidência: minha melhor amiga também foi minha colega tanto na escola quanto na faculdade e nascemos no mesmo ano. São amizades extremamente salutares, pois podemos dividir com eles angústias e alegrias próprias do momento que se está vivendo. Mas fique esperto. Fechar a porta para pessoas diferentes de você é sinal de inteligência precária.
Durante a adolescência, é vital repartir nossas experiências com pessoas que pensem como nós e que tenham o mesmo pique: é importante sentir-se incluído num grupo, de pertencer a uma turma. Perde-se, no entanto, o convívio com pessoas de outras idades e de outros "planetas", que muito poderiam lapidar a nossa visão de mundo.
Entre iguais, tudo é igual. A vida ganha movimento é na diferença. Se você é rato de biblioteca, iria se divertir ouvindo as histórias contadas por um alpinista experiente.
Se você tem muita grana, ficaria surpreso em saber como dá duro o cara que trabalha de
dia para poder estudar à noite e o quanto ele precisa economizar para tomar dois chopes no sábado. Se você curte música, seria bacana conversar com quem curte teatro.
Se você é derrotista, seria uma boa bater um papo com quem já sofreu de verdade.
Você, que se acha uma velha aos 27 anos, iria se divertir muito com os relatos de uma cinqüentona irada. E você, beirando os 60, se surpreenderia com a maturidade de um garoto de 18.
Para os de meia-idade, nada melhor do que ter amigos nos dois extremos: da garotada que lhe arrasta para dançar até aqueles que estão numa marcha mais lenta, que já viveram de tudo e de tudo podem falar.
A cabeça da gente comporta rafting e música lírica, videoclipes e dança flamenca, ficar com alguém por uma noite e ficar para sempre.
É importante cultivar afinidades, mas as desafinações ensinam bastante. No mínimo, nos fazem dar boas risadas.
Vale amizade com executivo e com office-boy, com solteiros e casados, meninas e mulheraços, gente que torce por outro time e vota em outro partido.
Vale sempre que houver troca. Vale inclusive pai e mãe.
Martha Medeiros

sábado, abril 01, 2006

“Homo volta-redondensis”

“Até que o dia chegou.
Fé e fornalha aquecidas
Correu o aço na Terra
Do Eldorado das vidas.”
(ODE AOS CICLOPES*, Canto
III Waldyr Bedê)

* Ciclopes, que na mitologia greco-romana são os
operários das forjas de Vulcano, figuram no brasão do Município de Volta
Redonda, simbolizando os trabalhadores da cidade.


Hoje resolvi escrever sobre a história da minha cidade. Menos comprometedor e discutível mas não menos passional. A abordagem comportamental é inevitável. Farei em um segundo texto.
O estímulo para essa nova abordagem? Pois não:
Na segunda metade de março, passei cinco dias em outra unidade da empresa em que trabalho; na cidade do Rio de Janeiro. Durante a dinâmica da semana, interagi com dezenas de pessoas. Intensamente. Tratava-se de um workshop onde todos estavam, quase que full time, dedicados àquela tarefa. Não sei precisar ao certo, mas pouco tempo depois, o fato de eu ser do interior do Estado, mais precisamente da cidade de Volta Redonda, já era por todos conhecido e motivo de comentários diversos. Chacota, expressões, futebol, etc. Minha reação, abordando a violência e trânsito caótico daquela cidade fora inevitável. E a réplica das limitações de lazer e entretenimento de VR, também. Pensei em apelar porque eu era desafiada por pessoas que moravam, em sua maioria, na periferia da cidade maravilhosa que claramente não gozavam das vantagens por hora citadas. Sequer lembravam da última vez que passearam na Orla da Lagoa ou foram a um teatro (Até porque outras vidas não estavam em questão). Porém, a receptividade dessas pessoas aliada a minha vontade de estar ali para somar, me fizeram recuar nessa estratégia sórdida. Optei então por promover a minha cidade querida com seus números expressivos no tocante a pavimentação, saneamento básico e claro, meu querido Voltaço (que foi roubado mais uma vez, diga-se de passagem).
Sem surpresa alguma, isso me remeteu a uma reflexão posterior àquele workshop que era o marco de uma nova abordagem sistemática em busca da excelência de uma multinacional. E resolvi ler sobre a história dessa cidade que, há pouco mais de 60 anos, representou o marco para a Industrialização, na Era Vargas, para o Brasil.
A partir do próximo parágrafo, comentarei um pouco sobre o que encontrei. Limitarei-me a falar como foi a mudança de importância da minha querida cidade no contexto Brasil. Em um segundo texto, o qual farei com mais afinco, sobre seus agentes transformadores! Cidadãos provenientes de diversos cantos do país que ajudaram na instituição dessa cidade com sua força física e mental. Poucos números e muitas mudanças comportamentais. Quem sabe isso de origem a uma trilogia e eu ainda comente sobre a cidade pós-privatização da CSN. Isso requer futuras leituras. Enquanto isso, falemos dessa cidadezinha geograficamente pequena mas que tem em sua história grandes desafios e pessoas.

Desde o fim da Grande Guerra, o Brasil apresentava sucessivas marcas de superprodução de café – responsável por mais de 85% de nossa receita externa – mas os preços do nosso principal produto de exportação estavam em queda tanto em Londres como em Nova Iorque. Refém do imperialismo das grandes potências, sem recursos próprios para investir na indústria de base e tecnologia, estávamos condenados a uma economia primária de exportação em decadência.
Porém, com a imigração de pessoas que não eram agricultoras na sua terra natal, possuindo qualificação e algumas economias, começa-se a industrialização urbana, sobretudo em São Paulo e seus arredores (Bauru, Juiz de Fora, Barra Mansa, Valença, Caxias Do Sul, Uberaba, Sorocaba). Está criada, portanto, a burguesia nacional que financia esse começo de industrialização. Paralelamente, a construção de ferrovias e de pequenas usinas termo e hidroelétricas, linhas de transmissão de energia elétrica e dos sistemas de comunicação, implicavam a criação de grandes oficinas de manutenção, reparos e reformas de equipamentos. Junto a essas, aparecem as primeiras escolas profissionais voltadas para esses segmentos.
Como alavanca final , temos, ironicamente, a crise de 1929 que pega o Brasil no pico de sua produção cafeeira, com milhões de toneladas excedentes em estoque resultando no endividamento em massa de fazendeiros, falências de concordatas de bancos, atacadistas e empresas em razão de suas desaceleradas descapitalização.
O Brasil institui, então, um regime totalitário com intensa intervenção do Estado na busca da recuperação e desenvolvimento do país. Não vou me estender nesse assunto até por falta de conhecimento. Retenho-me apenas na orientação do governo da época, liderado por Getúlio: implantar a indústria de base como ponto de partida para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.
Tomada a decisão, listemos as dificuldades visíveis ( dispensando qualquer brainstorming):
· Deficiência dos transportes;
· Falta de capital para bancar a implantar uma siderúrgica de grande porte;
· Falta de know how ;
· Falta de tecnologia.

Para começar a resolver essa listinha de problemas, foram criados novos institutos de aposentadoria e pensão. Com isso, foi possível recolher um montante que constituiu o capital inicial da Companhia Siderúrgica Nacional, criada em 9 de abril de 1941.
Restava, ainda, a parte mais difícil: transferência de tecnologia e aparelhagem – ações que demandavam financiamento externo.
Getúlio Vargas começa, então, a negociar com o governo alemão. Negociação esta que fica, com a eclosão da Segunda Guerra Mundial e o conseqüente bloqueio no Atlântico pela Inglaterra, inviável. Entretanto, a emergência dos interesses militares dos EUA possibilita um desfecho favorável de uma segunda negociação. Bases militares americanas em Recife, Natal e Fernando de Noronha, equipamentos americanos na primeira siderúrgica nacional. Nasce Volta Redonda.

Graças a influência política do genro de Getúlio Vargas, funcionário público do Estado do Rio de Janeiro, Volta Redonda, o 8º Distrito do Município de Barra Mansa, é escolhida para abrigar a futura Usina de Aço da Companhia Siderúrgica Nacional. Trata-se de uma escolha política, contrariando conveniências técnicas (proximidade das fontes de matéria prima ou um porto marítimo) mas possuindo eletricidade e água em abundância.
Então, o ponto no mapa do Estado do Rio de Janeiro, tão importante para a vida econômica, social e tecnológica do Brasil quanto qualquer outro vilarejo tornar-se-ia em 1941 o “marco da civilização brasileira (...) um exemplo tão convincente que afastará todas as dúvidas e apreensões acerca do seu futuro, instituindo no Brasil um novo padrão de vida e um novo futuro, digno de suas possibilidades”. (Declaração de G. Vargas a revista EM GUARDA, nº 3 – Ano III)

1941 - Vista aérea do local exato onde seria construída a CSN Posted by Picasa