domingo, janeiro 22, 2006

Para Filosofar...

O tema de hoje, nas filosofadas de domingo que insistem em acontecer em minha mente, é :

AMAR, o verbo da vida


Se você prestar atenção, não é a primeira vez que falo sobre. E pode ter certeza que não será a última. Talvez seja normal ocuparmos nossa mente com assuntos que não dominamos... deve ser por nossa mania humana de querer saber sempre mais...rs... enfim, comecemos com alguns dizeres de pessoas infinitamente mais sábias que eu!

" Mundo! Que és tu para um coração sem amor?" - Goethe


" Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura" - Guimarães Rosa (ops...passivo de discussão)

Bem, pensei em começar definindo o que é o amor...mas percebi que, no máximo, sou capaz de relativá-lo com outros sentimentos... tipo: mais que paixão.
Depois pensei em dividí-lo em tipos. E acho que há uma certa coerência nisso : Amor Erótico e Amor Fraterno. Mas acho que o nome já define suficientemente suas diferenças.
Achei então o ponto que me estimulou a pensar mais: O MICROCOSMO DO AMOR - A RELAÇÃO HOMEM- MULHER !! Hahaha bonito nome né? Vejamos...
Em tudo o que se observa na natureza, percebem-se as forças de atração e repulsão. No átomo, por exemplo, a força de atração o mantém em permanente movimento em direção a outro átomo, na busca eterna de novas combinações moleculares.
Nas plantas, a força atrativa explode nas cores e pergumes das flores, preparando-se para a geração dos frutos e sementes.
Entre os animais, essa força se expressa em rituais, danças e disputas que culminam no acasalamento. No animal, a função sexual é instintiva; no homem, se transforma em erotismo. Existe um filme, o qual eu nunca vi, que dizem contextualizar bem isso. CHama-se " A guerra do Fogo". Em determinado momento, o hominídeo, que tomava sua fêmea ainda em um ritual animal, é surpreendido por ela que gira, coloca-se em uma nova posição, face a face com seu parceiro, fitando-o nos olhos. No filme, esse gesto simboliza o primeiro passo para a humanização da relação homem- mulher. Representa o abandono da genitalidade, do puro instinto, e o início da sexualidade erótica. A mulher, com esse gesto, posiciona-se como igual ao homem; são parceiros, companheiros que se enrquecem no convívio mútuo: igualdade humana e diferença de sexos.
Hum... o link que eu precisava para falar de algo que gosto muito: A relação homem e mulher nos tempos atuais! Com essa nova ordem mundial de igualdade e etc...

A beleza da relação está no encontro de seres autônomos e independentes em que não há superior e inferior. Muitos homens apegam-se de tal forma as mulheres, e vice-versa, que acabam criando relações imaturas, em que a necessidade e a dependência fragilizam a união. Um procura no outro o que lhe falta ou o que gostaria de ser, em detrimento do desenvolvimento máximo das próprias potencialidades. O amor é, então, reduzido a "ser complementar" quando sua possibilidade é "ser suplementar".
Aqui vai o texto inspiração dessa "filosofia" extraído do livro Utopia e paixão
de Roberto Freire e Fausto Brito.

"É dos mais neuróticos e parasitários o amor que leva uma pessoa a achar a outra um pedaço de si mesma. (...)
   O saudável, nas relações amorosas, seria, primeiro, que as pessoas já tivessem conseguido crescer até o tamanho total de si própria. Depois, aprendesse a viver por si mesma e de si mesma. Só então acasalasse com alguém que tivesse tido igual desenvolvimento e soubesse viver de si mesma também. Assim, inteiros e juntos, começariam a viver sensações inéditas, extraordinárias, impossíveis de se viver sozinho e que não existem em nós nem sequer em semente. É o amor suplementar de que falamos. Nesse ponto, é bom proclamar o que se constitui em nossa ética fundamental: o amor não deve servir para coisa alguma, a não ser apenas para se amar.
      Quando, por uma razão qualquer, a relação amorosa se desfaz, o que se desfaz de fato é só a relação amorosa e não as vidas e a integridade de cada um. E o que se tem observado é que, por mais denso que tenha sido o amor, quando ele se desfaz nas relações sadias (suplementares), surgem logo novos encontros, novos namoros e seduções; o amor pode se refazer. É outro, original, porém com intensidade e qualidade semelhante ao anterior."

   Apesar de o amor ser uma relação entre iguais, culturalmente tem-se manifestado quase sempre como dependência e dominação. A origem de tudo isso está na luta da sobrevivência desde os primeiros tempos. Fisicamente mais forte, o homem caçava, pescava, defendia seu grupo de perigos naturais. A gravidez e o cuidado com os filhos além da própria constituição física mais delicada, limitava a mulher.
   Porém, a história mostra que, na ausência do homem, nas guerras, por exemplo, a mulher sempre teve um desempenho ativo, cuidado da lavoura, filhos e protegendo a casa.
   Após séculos de dominação, a mulher passou a lutar com maior afinco para conquistar uma posição de igualdade com os homens, na sociedade, onde era vista como imatura e inferior. ENTRETANTO, as mulheres lutavam com as armas e ideais masculinos, sem perceber um direito maior: o de ter a sua própria visão de mundo. Ao lutar com as armas masculinas, a mulher passou a ser um "homem inferior".
   Hoje, a mulher percebe que a sociedade ficou aleijada porque ignorou a perspectiva das mulheres. Sentem-se agora no dever de tornar mais sensíveis as instiuições, a ciência, a política, enfim, toda convivência humana. Assume seu papel, não de "homem de saias", mas de verdadeira mulher: com direitos iguais aos do homem, como ser humano livre e diferente, como parceria. Após décadas de luta, já não se quer apenas a igualdade, mas também a diferença, porque só a diferença dá encanto às relações - só ela é erótica e criativa.
   Homem e mulher defrontam-se com o desafio de equilibrar os aspectos masculinos e femininos de suas personalidades. O equilíbrio é precário e não há fórmulas prontas para garantí-lo. Em cada contexto, em cada momento, em cada casal, cumpre inventá-lo - seria esse o papel do erotismo??
   Essa relação é difícil: se por um lado o machismo com a total submissão da mulher, impede uma relação autêntica, por outro, o conflito dos papéis sexuais e sociais onde a mulher se insere nas mais variadas funções, gerou um clima de competição com os homens que passaram a vê-las como rivais.
   Homens e mulheres ficaram extremamente exigentes uns com os outros. Querem dos companheiros novos papéis e modos de ser, aos quais ainda não estão adaptados culturalmente. Por exemplo: a mulher espera que o homem seja, ao mesmo tempo, provedor, amigo, amante; que seja sensível, terno com ela e seus filhos, bem-sucedido e agressivo na lura pela vida. Por sua vez, o homem espera que a mulher divida com ele as responsabilidades econômicas da família, ao mesmo tempo que sonha com uma parceira disponível, submissa, amante fogosa e esposa recatada.
   A ascensão da mulher como ser autônomo confundiu o homem provocando insegurança na identidade masculina: estava acostumado ao poder e à hegemonia, e de repente é solicitado a dividi-los com a mulher. Esta, acostumada à submissão, agora é obrigada a competir na luta pela sobrevivência.


E aí, vai encarar?

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Para filosofar - Cordi, Santos, Bório et. al. - Ed. Scipione
Utopia e Paixão - Roberto Freire e Fausto Brito

Um comentário:

Anônimo disse...

tô querendo, mas tá difícil... rs