terça-feira, maio 22, 2007

A Alma Imoral

Já postei por aqui sobre minha cidade natal. Agora, me encontro poucos Km´s distantes desta e , só agora, resolvi fazer o reconhecimento desse novo terreno que "escolhi" para passar meus vinte e poucos anos... Resende/ RJ. Há algumas semanas saí a noite pelas ruas do centro velho acompanhada apenas com minha câmera fotográfica . A iluminação da Matriz está (é) linda, a câmera municipal encantadora e a ponte velha preserva, de forma ímpar, lindas teias de aranha em cada uma de suas luminárias vermelhas que, de fato, são muto aconchegantes e acolhedoras. Ontem , caprichosamente, Resende me mostrou mais uma de suas agradáveis facetas; o teatro! Desde o dia 18/05 e até o dia 26/05 acontece o VII Festival de Teatro de Resende onde, por apenas 1 real, você pode assistir uma das dezenas de peças que constam na programação. Quando fiquei sabendo que "A Alma Imoral" estaria no Cine Vitória, na segunda-feira, vi que, de fato, era um evento especial. Para quem não sabe, essa peça foi muito bem aceita pela crítica. Ela começou despretensiosamente no SESC Copacabana e , com seu texto de rara profundidade e ainda assim leve e com pitadas certeiras de humor (em grande parte graças ao talento da atriz ) logo passou para o Teatro Leblon - sempre com lotação máxima. Ela é uma adaptação da atriz Clarice Niskier do livro , de mesmo nome, escrito pelo rabino Nilton Bonder. Confesso que nunca li nada dele mas tenho a impressão que isso mudará em breve! A série de reflexões é quase pagã e pode causar alguma perplexidade, mas autor e atriz conseguem iluminar o delicado equilíbrio entre a moral que nos contém e a imoral que nos impele e nos torna humanos. A peça defende que nossa alma precisa de um espaço escuro onde a luz das suas idéias e transformações lançam a única luz vestindo-nos de sentido. A atriz , após breve conversa com o público, que é convidado a deixar de lado sua análise racional demais mas ao mesmo tempo que não o faça 100% para que não se torne leviano, se despe totalmente. Mais uma confissão : ainda que já precavida de tal acontecimento, fiquei impressionada e não assimilei as primeiras duas ou três frases do monólogo. Mas, estranhamente, me vi confortável e envolvida pelo contexto e logo me voltei aos textos de temáticas polêmicas e inquietantes; traição e tradição, preservação e evolução, corpo e alma... que, pouco a pouco, transformavam conceitos de certo e errado imutáveis ...dando-os flexibilidade e fluidez assustadoras ... Ao final, além de sairmos com nossas idéias borbulhando, ficamos com a impressão de que o teatro precisa de muito pouco para acontecer de forma transformadora e ,que esse pouco , é muito.

Um comentário:

Anônimo disse...

verdade querida, o teatro precisa de mto pouco: 3 holofortes, 1 cadeira, 2 mts de tecido preto. Irrelevante perto das sinápses que produziu em mim...rs