Coisas que eu perdi pelo mundo...

Eu perdi um brinco na pia do banheiro do hotel em uma cidadezinha na França. Perdi um voo para Cairns porque colocaram meu mochilão em outra esteira no aeroporto de Sydney e demorei 40min para achar. Perdi novamente a bagagem em Délhi e foi outra saga para encontrar. Perdi a paciência com a Lan Chile que me fez dormir duas noites no Chile e uma na Nova Zelândia por cancelar voos. Perdi o receio de viajar sozinha desde que fiz isso pela primeira vez; na Itália. Perdi lugar no albergue, em Florença, que já estava devidamente pago porque chegou um grupo que só ficaria se tivesse lugar para todos e isso significava ter que “dispensar” uma pessoa. Perdi 4 horas na estrada de Towsville até Airlie Beach porque teve um acidente. Perdi o sono ao passar a noite num trem de Veneza para Roma porque a senhora de Nápoles roncava horrores. Perdi a frescura de não viajar de moleton e tênis enquanto mulheres embarcam lindíssimas rumo a Europa porque eu sei quão desconfortável é dormir com esses trajes bacaninhos. Perdi a linha ao voltar de uma temporada de estudos na Austrália sem ir à aula em uma única sexta feira sequer. Perdi o rumo ao chegar em Fraser Island com um frio incrível e perceber que as únicas pessoas antipáticas da Austrália estavam todas concentradas lá – mas o reencontrei nessa mesma cidade quando conheci Chris, a alemã fofa com a qual esbarrei novamente em Noosa. Perdi o apetite depois de comer Curry na Índia. Perdi a compostura em Jaipur onde fiquei na fila para andar de elefante por mais de uma hora rodeada por vendedores ambulantes que só deixaram eu respirar qdo comprei uma Ganesha por um doze avos do preço original. Perdi a noção do perigo quando aceitei andar de vespa na noite iluminada de Roma com um cara que conheci 3 horas antes (mas foi incrível !). Perdi a oportunidade de comprar um lindo Taj Mahal em Agra, um casaco de couro em Buenos Aires e um mochilão bacana no Nepal. Perdi o receio (ou respeito?) de chegar bem perto da Ghat de cremação em Varanasi e ficar lado a lado com a família do falecido. Perdi a vontade de acampar muito cedo; assumo minha necessidade de ter uma cama pra dormir. Perdi o preconceito contra Bariloche que, de fato, é linda e encantadora. Perdi o sossego quando meu cartão de crédito parou de funcionar faltando 10 dias para eu voltar de viagem. Perdi um dia de Jericoacoara por ter que ir ao hospital em Cruz, no CE, depois de ter uma queimadura provavelmente causada por xixi de aranha; mas ganhei um grande amigo que acabou me hospedando por 2 noites em seu cantinho muito especial.
Como podem ver, eu já perdi tanta coisa viajando...
... mas ganhei muito; muito mais...

Ps.: De todas as coisas que já perdi, as que mais me marcaram foram as vezes que perdi medos, pendências, pré conceitos e o fôlego... ah! Como é bom perder o fôlego !