quarta-feira, agosto 05, 2009

Nostalgia... saaaaiiiii

Ao contrário dos que se gabam de olhar apenas para frente, eu sofro desde adolescente de torcicolo existencial: vivo olhando pra trás, fascinada e (às vezes) apaixonada pelo passado.
Percebi essa dificuldade pela primeira vez ao gostar de um garoto que queria só ser meu amigo: eu só conseguia pensar nele mesmo quando ele estava namorando e ainda deixasse sempre claro que nossa amizade era, no máximo, colorida. Estou falando de muitos, muitos anos nessa lengalenga que me prendia aos tempos de bate papo na praça. Intermináveis emails que procuravam um indício qualquer de reciprocidade... ledo engano... e que atraso. Só desfiz essa pendência quando percebi em uma conversa desarmada e despretensiosa que não se pode recuperar nada de uma paixão que se teve aos 16. Hoje somos melhores amigos que antes porque a relação é mais leve; e ganhamos bem mais assim.
Mais tarde, deparei com a mesma dificuldade. Depois de semanas de namoro, interessadíssima nas possibilidades que vinham no pacote, levei um pé na bunda e gastei outras tantas semanas tentando fazer o tempo voltar. Inutilmente.
E quantas vezes eu já lamentei não ter aprendido a tocar um instrumento musical ? Em todas as rodinhas de música ( cada vez mais escassas ... aí que saudade !) eu sempre falo da frustração em relação a bateria , gaita ou qq instrumento de percussão. E a faculdade ? Quantos banhos de cachoeira dispensados que hoje me arrependo até as espinhas ( que não arrepiaram com as águas gélidas das nascentes da região)?
E tome desculpas para justificar. "Ninguém é como ele" , " Temos uma sintonia inexplicável", " Não tenho tempo para as aulas de bateria" etc...etc...
Os amigos cansam de ouvir a ladainha. O analista vira testemunha remunerada de um luto que não acaba. Até a família perde a paciência. Uma tristeza.
A vida deveria empurrar à construção prática do mundo. Afinal, não temos tempo a perder e assim se perde. Às vezes a vida inteira.
Não me entendam mal ... não quero esquecer o passado porque ele me fez aprender e nele aconteceram coisas muito, muito boas de se lembrar ! Ele inclusive condiciona o dia de hoje mas a grande questão é que não o determina inteiramente, não o impede e, principalmente, não o substitui.
Ainda internalizo essa máxima .


* Texto e alguns termos inspirados em IVAN MARTINS que é editor-executivo da ÉPOCA

3 comentários:

Clara del Valle disse...

torcicolo existencial é mto bom!!! Vou adotar, tá?

Unknown disse...

Nostalgia era meu segundo nome kkkk
adorei esse post pq "explana"de forma intelinte sobre o assunto!

Unknown disse...

Nostalgia era meu segundo nome kkkk
adorei esse post pq "explana"de forma intelinte sobre o assunto!