quarta-feira, junho 17, 2009


O despertador toca. Ela acorda cedo para ir para o trabalho. Caminha até o ponto de ônibus, crachá, dá o "bom dia" para o guarda, anda até a sala, às vezes parando para um café. Às segundas, sempre há o que falar sobre o final de semana... mas não há cumplicidade ou vontade. Em sua mesa, auditorias feitas e outras por fazer. Post-it. Canetas. O calendário de mesa com uma ou outra data destacada por alguma reunião e muitas com aniversários; como tem aniversariantes em junho. Há também alguns dias do mês perdidos entre as semanas, tempo disponível para si. Mas ela já não sabe o que fazer consigo, já não sabe quem é quando não escreve, quando não lê uma crônica, quando não planeja uma viagem.
A tarde, depois do almoço, mais café. Os olhos somem por trás das planilhas de excel projetando tendências. Ela pensa qual seria o cheiro das tulipas na Holanda.
Seis horas, o ônibus a caminho de casa. Algumas vitrines, folheadas nas revistas da banca, o prédio. Em casa, banho e jornal da noite. Uma pesquisa na internet para conferir a bolsa, eventuais recados de amigos, ouvir duas ou três músicas. Depois, talvez, uma leitura. Algum sono, pensamentos indecifráveis e novamente o cheiro das tulipas holandesas.
O despertador toca.

Um comentário:

Clara del Valle disse...

Adorei a parte do "já não sabe quem é quando não escreve..."

Qdo a encontrar, diga-lhe que escrever subverte, exorciza, esclarece, dá fôrma... e que tudo isso acaba nos aproximando de quem gostaríamos de ser.